O eremita e a ratinha - História da Índia
O eremita e a ratinha
Treinada por anos de solidão e ascese, a mente de um eremita adquiriu um poder incomparável.
Um dia, ele meditava com as mãos abertas viradas para o céu. Um abutre que passava bem acima dele deixou cair numa de suas mãos uma ratinha cinza. O eremita contemplou-a com um encanto ingênuo. O animalzinho pôs-se a correr sem medo pelos braços do ancião, pelos ombros e até na cabeça, enquanto ele pensava:
- É uma ratinha que o Céu me envia como companhia. Devo interpretar os desejos do Céu. Como estou idoso demais para ter uma esposa, com certeza é uma filha que acaba de cair em minhas mãos. Essa ratinha vai tornar-se minha filha.
Reunindo todos os poderes de sua mente, pronunciou palavras às quais a própria matéria não resiste, e a ratinha transformou-se numa jovem linda, que beijou os pés do eremita e imediatamente o chamou "meu pai".
Ela cuidava dele com carinho e dedicação. O ancião alegrava-se ao vê-la ir e vir, carregando água, cuidando do fogo, preparando a comida. Ela também penteava o cabelo e limpava as unhas do velho pai.
Dois anos se passaram. O eremita percebeu sinais de melancolia no rosto da jovem. Deu-se conta de que era tempo de encontrar-lhe um marido. Obviamente, não poderia ser um esposo comum. Ele refletiu e disse:
- Chegou o tempo de você se casar.
Os olhos da moça brilharam, seu rosto se iluminou.
- Quem posso lhe dar como marido? O sol? Gostaria de se casar com o sol?
A jovem desviou o olhar do sol e respondeu com um muxoxo:
- O sol fica longe, é quente demais e desaparece toda noite. Não, quero um esposo mais forte que ele!
- Mais forte que o sol? Retrucou o eremita, intrigado. Está bem. Você quer se casar com uma nuvem? A nuvem esconde o sol.
- A nuvem é cinza, fria e úmida, ponderou a jovem com desagrado. Às vezes, o raio a rasga com um estrondo que me dá medo. Não, quero um marido mais forte que a nuvem.
- Então, só vejo o vento, arriscou o ancião, pois o vento dispersa as nuvens e empurra-as para longe. Gostaria de se casar com o vento?
- Não, disse a jovem, não gosto do vento. Ele pode ser brutal e indiscreto. Está sempre fugindo, não se pode confiar nele. Quero um esposo mais forte que o vento.
- A montanha! propôs então o eremita. A montanha é mais forte que o vento, pois é capaz de barrá-lo. Vou casar você com a montanha!
A jovem, com ar desanimado, disse ao pai:
- A montanha é pesada e imóvel. Ela é triste. Quero um esposo que me compreenda, que possa rir e correr comigo. Desejo um marido mais forte que a montanha.
Apesar de toda sua sabedoria, o eremita não sabia mais o que propor. Lembrou de outro eremita que vivia não muito longe, no mesmo deserto. Resolveu pedir sua ajuda.
Após ouvir o dilema e meditar profundamente, o conselheiro afirmou:
- Só vejo uma coisa mais forte que a montanha.
-O quê? Por favor, me diga o que é!
- É o camundongo, respondeu, pois ele consegue cavar galerias na montanha e viver dela, sem que a montanha possa lhe fazer mal.
O eremita agradeceu. Quando chegou de volta à gruta onde vivia, era noite. Encontrou a jovem adormecida, um leve sorriso nos lábios. Provavelmente sonhava com seu futuro esposo. O pai ainda observou por um momento a luz da lua que acariciava seu rosto. Depois, entrou em meditação. Reuniu as forças de sua mente e pronunciou as palavras indispensáveis.
Sem que percebesse, a jovem voltou a ser uma ratinha cinza, que se pôs a correr pela areia e sobre as rochas. A natureza providenciou-lhe um companheiro: um ratinho cinza como ela.
Eles levaram sua vida de ratinhos bem perto do eremita, cuidando de suas crias que, de vez em quando, os abutres vinham caçar.
Um dia, ele meditava com as mãos abertas viradas para o céu. Um abutre que passava bem acima dele deixou cair numa de suas mãos uma ratinha cinza. O eremita contemplou-a com um encanto ingênuo. O animalzinho pôs-se a correr sem medo pelos braços do ancião, pelos ombros e até na cabeça, enquanto ele pensava:
- É uma ratinha que o Céu me envia como companhia. Devo interpretar os desejos do Céu. Como estou idoso demais para ter uma esposa, com certeza é uma filha que acaba de cair em minhas mãos. Essa ratinha vai tornar-se minha filha.
Reunindo todos os poderes de sua mente, pronunciou palavras às quais a própria matéria não resiste, e a ratinha transformou-se numa jovem linda, que beijou os pés do eremita e imediatamente o chamou "meu pai".
Ela cuidava dele com carinho e dedicação. O ancião alegrava-se ao vê-la ir e vir, carregando água, cuidando do fogo, preparando a comida. Ela também penteava o cabelo e limpava as unhas do velho pai.
Dois anos se passaram. O eremita percebeu sinais de melancolia no rosto da jovem. Deu-se conta de que era tempo de encontrar-lhe um marido. Obviamente, não poderia ser um esposo comum. Ele refletiu e disse:
- Chegou o tempo de você se casar.
Os olhos da moça brilharam, seu rosto se iluminou.
- Quem posso lhe dar como marido? O sol? Gostaria de se casar com o sol?
A jovem desviou o olhar do sol e respondeu com um muxoxo:
- O sol fica longe, é quente demais e desaparece toda noite. Não, quero um esposo mais forte que ele!
- Mais forte que o sol? Retrucou o eremita, intrigado. Está bem. Você quer se casar com uma nuvem? A nuvem esconde o sol.
- A nuvem é cinza, fria e úmida, ponderou a jovem com desagrado. Às vezes, o raio a rasga com um estrondo que me dá medo. Não, quero um marido mais forte que a nuvem.
- Então, só vejo o vento, arriscou o ancião, pois o vento dispersa as nuvens e empurra-as para longe. Gostaria de se casar com o vento?
- Não, disse a jovem, não gosto do vento. Ele pode ser brutal e indiscreto. Está sempre fugindo, não se pode confiar nele. Quero um esposo mais forte que o vento.
- A montanha! propôs então o eremita. A montanha é mais forte que o vento, pois é capaz de barrá-lo. Vou casar você com a montanha!
A jovem, com ar desanimado, disse ao pai:
- A montanha é pesada e imóvel. Ela é triste. Quero um esposo que me compreenda, que possa rir e correr comigo. Desejo um marido mais forte que a montanha.
Apesar de toda sua sabedoria, o eremita não sabia mais o que propor. Lembrou de outro eremita que vivia não muito longe, no mesmo deserto. Resolveu pedir sua ajuda.
Após ouvir o dilema e meditar profundamente, o conselheiro afirmou:
- Só vejo uma coisa mais forte que a montanha.
-O quê? Por favor, me diga o que é!
- É o camundongo, respondeu, pois ele consegue cavar galerias na montanha e viver dela, sem que a montanha possa lhe fazer mal.
O eremita agradeceu. Quando chegou de volta à gruta onde vivia, era noite. Encontrou a jovem adormecida, um leve sorriso nos lábios. Provavelmente sonhava com seu futuro esposo. O pai ainda observou por um momento a luz da lua que acariciava seu rosto. Depois, entrou em meditação. Reuniu as forças de sua mente e pronunciou as palavras indispensáveis.
Sem que percebesse, a jovem voltou a ser uma ratinha cinza, que se pôs a correr pela areia e sobre as rochas. A natureza providenciou-lhe um companheiro: um ratinho cinza como ela.
Eles levaram sua vida de ratinhos bem perto do eremita, cuidando de suas crias que, de vez em quando, os abutres vinham caçar.
História da Índia
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